Como não poderia deixar de ser, o ano
começou com a promessa de muito trabalho para o nosso grupo. Prosseguindo com
as discussões iniciadas no ano passado, Herberto Helder voltará a ser tema das
discussões em 2014. Enquanto o ano anterior foi centrado no livro A faca não corta o fogo, de 2008, nosso primeiro semestre
terá como ponto de partida a mais recente obra do poeta, Servidões.
Publicado em meados do ano passado
pela Assírio & Alvim, o novo livro do autor de oitenta e dois anos tem
início com uma curiosa epígrafe envolvendo um suposto diálogo, em francês,
entre o poeta André Breton e o escultor suíço Alberto Giacometti: o primeiro
diz que todos sabem o que são cabeças, enquanto o segundo rebate dizendo que
não possui esse conhecimento. Tal epígrafe, por si só, já indica os desafios
representados pela obra. Com cerca de setenta poemas, Servidões teve tiragem de cinco mil exemplares,
rapidamente esgotada, como tem acontecido, aliás, com tudo o que vem da lavra
do autor.
Outro poeta que ganhará a nossa
atenção em 2014 será Luís Miguel Nava, planejado para ser assunto das
discussões no próximo semestre. Falecido em 1995, aos trinta e oito anos, o
autor publicou sete livros, tendo ganhado, inclusive, o prêmio de revelação da
Associação Portuguesa de Escritores, na década de 1970. A edição completa, com
toda a sua obra, foi publicada no começo dos anos 2000 pela editora Dom
Quixote.
Como se pode notar, 2014 promete ser
um ano de bastante estudo e muito aprendizado. De um lado, voltamos àquele que
tem sido considerado o maior poeta português vivo, de outro, abrimos as portas
para um nome menos conhecido, poeta que, embora morto precocemente, deixou obra
bastante significativa. Certamente, a combinação alargará a nossa compreensão
sobre a poesia portuguesa contemporânea, esta de que gostamos de fazer nosso
insistente objeto de interesse.
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